Rio de Janeiro, capital da república, anos 1910.

Em plena Belle Époque tropical, a profissão de reclamista rende frutos.

Pelo menos é o que informa o jornal A Notícia em uma edição de julho de 1916. Quem aparece na capa daquela edição é gastão vieira, uma figura folclórica da cidade na época, que atendia pelo apelido novidades e era conhecido pelos seus reclames extravagantes.

A reportagem contava como Gastão - ou melhor: Novidades - tinha comprado com o seu suado trabalho três casas no RJ. E Novidades Era um ótimo e dedicado reclamista.

Para quem não sabe reclamista é aquela pessoa que faz propaganda de produtos em frente as casas comerciais. Pois bem... não havia nada que novidades não fizesse para chamar a atenção e divulgar em produtos.
Gostava de se fantasiar e andava pela rua do Ouvidor e avenida Rio Branco apregoando seus produtos vestido de Tio Sam (para anunciar os cigarros York) ou de santo.

Verdadeiro homem-cortejo, ele entrava em caixões e se fingia de morto, provocava brigas e escândalos, e acabava preso em muitas oportunidades.

Estava tão presente no imaginário carioca da época que apareceu em crônicas de articulistas como Antonio Torres e chegou a figurar como compère na peça "Corrida de Ganso", interpretado pelo ator Alfredo Silva, o popular Fedoca. "Quem fez mais barulho do que ele?", perguntou certa vez o escritor Humberto de Campos, que o chavama de "aerolito sonoro"

Hoje, no entanto, a fama de novidades evaporou assim como a arte de reclamista, que não é mais tão rentável nem dá manchetes em jornais, ou vira tema de crônica. Neste podcast, a gente vai recuperar a história do novidades e de outros grandes reclamistas, como o polar, que veio a ser o seu rival e sucessor.

Esperamos que gostem,

Os Colombos

(Na foto, Novidades vestido de Tio Sam em 1917)