03 Curatorial - Hee Sub Ahn

Apr 16, 2024 · 3m 35s
03 Curatorial - Hee Sub Ahn
Description

Hee Sub Ahn mantém um disciplinado compromisso com a pintura. Todos os dias, em seu ateliê, anuncia, na fricção da tinta sobre a tela, o que lhe foge ao discurso....

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Hee Sub Ahn mantém um disciplinado compromisso com a pintura. Todos os dias, em seu ateliê, anuncia, na fricção da tinta sobre a tela, o que lhe foge ao discurso. Com delicadeza e vigor      – ou talvez pesar e paixão – evoca os caminhos de sua memória, de seu cotidiano e de sua comunidade. Na justaposição entre pinceladas e recortes, letras e caracteres sino-coreanos, seu ateliê e o bairro, São Paulo e Seul, existem os rastros do atrito que se cria ao caminhar.
Hee Sub Ahn, também conhecida como Amélia no Brasil, nasceu em Seul, Coreia do Sul, em 1940. Junto de seu marido Chung Sam Ahn e seus dois filhos, emigrou para o Brasil aos 34 anos, em busca de melhores condições financeiras. Se estabeleceu no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, onde ela e seu marido, após as dificuldades iniciais, abriram uma tecelagem e, em seguida, uma confecção. Ao lado de diversos outros protagonistas, contribuíram para acolher os recém-chegados da Coreia, fornecendo auxílio e suporte financeiro. Enquanto verdadeiros pivôs da comunidade coreana do Bom Retiro, cofundaram em São Paulo uma igreja presbiteriana com cultos em coreano e uma escola que ensinava sobre a língua e cultura de origem. Essas iniciativas, somadas às outras do bairro, potencializaram um ambiente que amenizava as barreiras culturais e linguísticas em relação ao novo país, favorecendo um espaço de manutenção da própria língua e cultura que inevitavelmente se transforma em contato com o novo local, e que aqui se torna coreano-brasileiro.
A exposição Hee Sub Ahn - O caminho, exibe pela primeira vez seu trabalho em um contexto institucional brasileiro. A partir dos mais de cinquenta anos de criação intensa, selecionou-se um recorte das obras produzidas principalmente na década de 1980, poucos anos após sua chegada. Nesse período, lembrado por ela como de trabalho árduo, pintava majoritariamente à noite em sua casa após o expediente. Sua produção é atravessada pela solidão vivida em família e pelas memórias do lugar de origem, mas também pela nova comunidade aqui encontrada, pela relação com sua família e religiosidade, além de uma consistente esperança. A disciplinada e rotineira criação artística de Hee se torna um íntimo ritual de dar significado ao que percebe em seu entorno. Composta de fricções, encontros, excitação e conexão, seu trabalho incorpora a paixão pela pintura que transborda lugares de origem ou chegada, e que não cabe na palavra.

Catalina Bergues e Julia Cavazzini
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Author Instituto Tomie Ohtake
Organization Instituto Tomie Ohtake
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